Existe um ditado que diz “ou é oito ou é oitenta” e, no que diz respeito ao trabalho infantil, confesso que passei muito tempo concordando de forma passiva e alienada com o que a grande mídia fala(va): lugar de criança é na escola.
Tudo bem até aí, pois assim como no Brasil (onde não é permitido o trabalho sob qualquer condição abaixo dos 13 anos), em boa parte do mundo, muitas pessoas se veem presas a trabalhos forçados, inclusive em condições de exploração sexual e de servidão por dívidas, inclusive as próprias crianças. Nas grandes cidades é possível encontrá-las (juntamente com adolescentes) em faróis, balcões de atendimento, fábricas e depósitos, misturados à paisagem urbana, sem contar com o “comum” trabalho doméstico, pelo qual, majoritariamente, as meninas têm a obrigação de ficar em casa cuidando da limpeza. Em áreas rurais, os trabalhos geralmente se dão em torno de atividades agrícolas, mineração e carvoarias, além do próprio trabalho domiciliar, etc. Com base nessa realidade, fica mais do que evidente o dever do Estado de zelar pela garantia dos direitos de acesso à educação, lazer e esporte por parte dos nossos pequenos, que são o futuro do nosso país.
No entanto, enquanto o nosso sistema educacional condicionar a palavra “trabalho” a algo chato, estressante e penoso, tal como a mentalidade servil da era industrial que nossos antepassados aprenderam – de ter que qualificar para ser operário ou funcionário em uma empresa com a merecida “estabilidade” – fica cada vez mais difícil se livrar desse paradigma que nos impede de avançar com inteligência e criatividade.
Aliás, usar a criatividade é a melhor forma de trabalhar a mente para se desenvolver e é a partir dela que podemos estimular nossas crianças a pensar fora da caixinha do empregativismo corporativo e fazer com que elas desenvolvam os seus reais talentos, não apenas nas ciências das matérias “tradicionais”, mas também na arte, na cultura, no esporte e nos demais campos do saber humano.
Melhor do que trabalharmos porque disseram que temos que ser mão-de-obra dos outros é podermos trabalhar com o talento que temos, por isso, sugiro que, mais do que combater o trabalho infantil, é fundamental valorizar o talento infantil. Percebe a diferença?
No artigo Não aja como seus pais eu parafraseio a música cantada na voz de Elis Regina e digo que minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais, pois ainda somos condicionados à tal “estabilidade” do “emprego fixo e estável”, que nunca foi sinônimo de segurança para ninguém. Se você acha que é, Sabe de nada, inocente!
Enquanto aprendermos que o desenvolvimento profissional e financeiro do indivíduo só se dá através de um emprego, comprometemos não apenas a evolução do cidadão, mas principalmente o futuro de uma nação. Enquanto o empreendedorismo for apresentado apenas como algo metódico e racional, as pessoas “comuns” jamais saberão que elas podem converter as suas paixões em um negócio honesto e lucrativo. Elas nunca conseguirão enxergar que o empreendedorismo não faz do homem um meio para algo, nele o homem é o próprio fim, ou conforme dito no artigo Empreendedorismo (nada) empresarial, é o homem quem consome, quem necessita, quem compra, quem faz movimentar a economia e através dela gera impostos para a melhoria de um país!
Se a escola continuar pensando no famoso quadrado do decoreba para que o aluno apenas passe de ano e consiga um emprego, ela continuará sendo um local chato de ir, pois ela não mais conseguirá realizar o papel ao qual se propõe: gerar transformação! O primeiro para isso é acreditar e apostar no talento das crianças e não apenas de coloca-las para “trabalhar” como até hoje tem sido feito!
Faça, que acontece!
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