De acordo com a filosofia capitalista, “tempo é dinheiro”. No entanto, de modo a defender a produtividade, venho sugerir intrepidamente que é qualidade de vida também. As obrigações rotineiras, sejam elas de cunho pessoal, profissional ou familiar consomem nosso tempo, nossa energia e podem comprometer, num prazo mais estendido, inclusive, a nossa saúde.
No que concerne ao mercado de trabalho, em particular ao ambiente corporativo (do qual muitos tiram o seu sustento), metas, objetivos, estratégias e táticas são compartilhadas e muitas vezes até reinventadas, de modo a assegurar um norteamento para a missão da empresa, uma vez que hoje ela está contextualizada num ambiente global e, qualquer que seja a mudança no cenário econômico, ela pode sofrer as consequências negativas ou comemorar os resultados positivos.
Quando falei que muitos tiram o sustento do ambiente corporativo, quis considerar que ele é apenas uma das formas que as pessoas (em sua maioria) ainda têm de conseguir rendimentos financeiros como retribuição de um serviço prestado para uma empresa (muitas vezes vindo em forma de salário), mas ele não é o único e isso é assunto de discussão para um outro artigo. O fato é que muitas organizações precisam manter as suas equipes de funcionários antenadas às aspirações da empresa e uma das formas de compartilhar tais ideais se dá através de reuniões.
O problema não são as reuniões em si, mas a falta de um propósito claro, objetivo e, de fato, necessário. Os meios de comunicação evoluíram e hoje, muita coisa pode ser resolvida com um simples e-mail ou uma breve e saudável conversa virtual. Pessoas (jurídicas ou físicas) que fazem questão de reunir suas equipes apenas de forma presencial podem estar perdendo tempo (pois poderiam se dedicar a outras coisas que realmente exijam a presença física), dinheiro (aluguel do espaço, serviços de buffet, combustível, luz, etc.), energia (se fossem avisados com certa antecedência, os participantes poderiam pensar nas melhores ideias com seus brainstorms individuais e depois comparar com o coletivo) e saúde (teriam mais tempo de sobra para se dedicar ao que lhes faz bem).
No entanto, salvo raras exceções, muitas empresas ainda estão presas ao modelo antigo de fazer a sua engrenagem funcionar, pois são do tipo que “prendem” seus funcionários em suas instalações por pelo menos 1/3 do dia, quer eles estejam produzindo, quer não. A grosso modo, eles precisam mostrar que estão ocupados, mesmo que não estejam produzindo. No entanto, da mesma forma, muitas organizações promovem infindáveis reuniões apenas como subterfúgio para camuflar a sua falta de produtividade. Seus gestores vivem ocupados, mas não necessariamente conseguem ser produtivos. Atraso do palestrante, problemas no Datashow, longos slides, gráficos e mais gráficos: tudo isso serve para “encher linguiça” num emaranhado de informações que mais tarde cairá no esquecimento dos que estão loucos para ir embora e em nada podem contribuir naquele momento de pura enrolação.
Reunião sim, enrolação não: pelo menos para quem valoriza o tempo, o dinheiro e a energia que tem e preza por uma boa qualidade de vida. Trabalhamos para viver, mas não vivemos para trabalhar. Não faz bem vivermos enchendo linguiça. Aliás, ela é sempre bem-vinda, desde que acompanhada com um bom churrasco!
Faça, que acontece!
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