Pindaíba é uma planta. Seu nome vem do Tupi “pinda” (anzol) e “yba” = vara. Era uma vara usada pelos índios como caniço. Quando não pescavam nada, voltavam apenas com a vara na mão, ou seja, “na pindaíba”.
No nosso contexto, atribuímos esta expressão a quem está sem dinheiro, sem poder de compra, com a vida financeiramente difícil. Não é raro ver gente que vive na pindaíba, mas que faz de tudo para exibir um telefone de última geração para pedir com frequência o celular de terceiros para poder ligar para tal operadora; ou que ostenta ter um carro com design arrojado, porém vive mendigando combustível; ou que mora numa casa com amplo terreno, contudo sempre atrasa o pagamento das contas básicas do imóvel.
Esses são só alguns exemplos.
Incentivados pelo forte apelo da publicidade que visa estimular cada vez mais o consumo desenfreado, muitos indivíduos têm a tendência de cair nessa arapuca, comprometendo por meses (ou anos) o seu orçamento mensal, simplesmente pelo objetivo de conquistar a estima e admiração pelos entes que estão ao seu redor. Esse altruísmo financeiro pode resultar em um grave colapso, principalmente se for levada em consideração a questão do que exige um maior prazo para quitação.
Não estou aqui tendo a pretensão de dizer o que é certo ou errado em relação às suas decisões, no entanto, é importante frisar que muitos pecam por simplesmente querer seguir a multidão (falei sobre isso no artigo da semana passada), seja pela pressão que o convívio do seu grupo de amigos acaba exercendo sobre você, seja pelo fantasioso mundo das novelas e celebridades, seja pela constante veiculação de objetos de desejo através da mídia como um todo.
Sim, todos nós temos o desejo de ter uma vida plena, tranquila e dotada de coisas boas, no entanto, muito do que vemos são apenas representações do que alguém se orgulhou de dizer que TEM determinado bem ou produto. Mas, pensando bem, será que essa pessoa realmente tem condição de MANTER aquela aquisição? Influenciados por pessoas “ricas”, queremos ser iguais a elas. Mas, analisando melhor, será que a nossa realidade financeira é realmente compatível com a dela?
Entendo que não é que queiramos necessariamente ser diferentes, e sim iguais àqueles que gostamos e estimamos. Contudo, quiçá, essa é a possível explicação pelo alto índice de inadimplência e às vezes até casos que envolvem vidas, puramente por questão de uma dívida não honrada. As pessoas acham que ricos são aqueles que gastam e detém muitos bens e por isso querem ser iguais a eles. Ledo engano, rico não é necessariamente quem mais gasta, e sim, quem mais tem dinheiro. Rico é quem consegue comprar o que quer, sem ter, de certa forma, a preocupação de como vai honrar o pagamento final do mês.
Mesmo aquele seu colega que tem uma “vida boa” pode estar na pindaíba, já que por precisar manter a aparência, ele finge estar tudo bem, não obstante, sabe lá o sufoco que ele não passa para firmar tal imagem perante as pessoas que estão ao seu redor? Mesmo alguns “ricos” não passam de míseros pobretões que estão desesperados para não perderem os bens que “conquistaram” para o banco.
Portanto, uma boa sugestão seria avaliar realmente o seu termostato financeiro anotando toda a sua receita e todos os seus gastos e não se preocupar em ser como os outros (aliás, você não é “os outros”), de modo que você possa voltar para casa, não com uma vara de pescar vazia, mas com um bom pescado, de modo a garantir o seu bom sustento. Conseguiu além do necessário? Ótimo, orgulhe-se de ser um exímio pescador e faça o melhor proveito da sua fartura.
Caso contrário, continue na pindaíba, manuzin!
Faça, que acontece!
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