Eu gostaria muito de ficar em forma, mas fazer atividade física ou entrar numa dieta não é comigo; eu preciso parar de me endividar, mas sinceramente não resisto a um shopping. Balada com os amigos então, é a minha perdição; eu gostaria muito de um trabalho melhor, mas morro de preguiça de estudar, fazer cursos, etc.
Seja num grau maior ou menor, todos nós almejamos ter ou ser algo em determinados âmbitos da vida, no entanto sair da zona de conforto não é o tipo de desafio que encaramos como um dos mais simples, ainda mais quando tal proeza confronta com a nossa já tradicional rotina de fazer as mesmas coisas de tempos atrás. Não, não é fácil.
Uma das possíveis explicações para tal acomodação é que nós ainda não estamos tão perturbados assim e essa nossa angústia para conseguir algo ainda não nos causa “dor” suficiente para que realmente nos sintamos compelidos a agir. Nós chegamos até a procurar conselhos para saber o que fazer, sendo que muitas vezes nós mesmos já sabemos o que deve ser feito. Mas não fazemos. E é nessas horas que vem a conclusão: nós somos péssimos em seguir conselhos, mesmos os que partem da nossa própria real e assertiva consciência. Até sabemos que algo é “bom”, mas depois, mesmo que inconscientemente, dizemos a nós mesmos: “pensando bem, não é tão ‘necessário’ assim”, e como resultado disso vivemos na procrastinação – a arte de viver adiando.
Ora, se tal coisa é “boa” mas não é “necessária”, ela não tem – de certo modo – o poder de fazer com que queiramos sair da inércia e começar a agir no intuito de obtê-la, pois, de alguma forma, já estamos satisfeitos com o que dispomos. Se uma pessoa encara a ideia de ter um trabalho melhor como algo “bom”, mas se sente feliz com o atual, a grosso modo, não existe motivo para que ela empenhe esforços para conseguir outro mais valorizado, inobstante seja bem-vinda uma função com rentabilidade maior. O fato é que enquanto não houver “dor” suficiente para força-la a mudar, ela não o fará; enquanto a perturbação e a ânsia por mudança não forem veementes na hora de deitar, tal desejo será apenas algo “bom”, mas não “necessário”.
Por outro lado, se o seu incômodo (ou nesse caso, a dor) for constante, é hora de parar de desejar e começar a agir. No inicio, não se preocupe em fazer tudo certo, mas atente-se para começar a estabelecer pequenas metas para serem atingidas. Você pode começar anotando seus hábitos “ruins” e aos poucos começar a exercer um pequeno controle sobre um deles, afinal poder controlar alguma coisa é muito melhor do que não controlar nada: dedique-se uma parte do seu tempo (minutos, horas ou dias) a atividades que tenham a ver com o seu propósito, afaste-se de algumas amizades, aproxime-se de outras e daí em diante.
No inicio, não se preocupe em fazer tudo certo, mas tenha a ambição de dar seus primeiros passos, são eles que irão conduzi-lo ao objetivo de se livrar da tamanha ânsia por mudança. Use atalhos: pergunte a quem já fez aquilo que você almeja, como fez, como conseguiu, o que dá certo, o que não dá, etc.: quando você menos esperar, vai se encontrar numa epifania que de fato transforma o “bom” em algo “necessário” para seu crescimento e desenvolvimento, seja pessoal ou profissional.
Faça, que acontece!
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